sábado, 25 de maio de 2013

Um pouco de antropologia: Radcliffe-Brown


Radcliffe-Brown

Esta importação inadequada da explicação tem ocorrido no uso da analogia biológica, que está relacionada a dois conceitos centrais do funcionalismo: "sempre que encontramos os termos "estrutura" e "função" na sociologia, podemos estar certos de que o autor tem em mente alguma concepção da sociedade como um organismo" (REX, 1973, p.79).
Para um dos maiores autores funcionalista, Radcliffe-Brown, "a estrutura social só é capaz de ser observada "em funcionamento"... a estrutura deve ser definida em termos de atividades e do efeito destas sobre as unidades... mas ele não diz que essas atividades têm o efeito de manter um padrão de relações sociais ou uma estrutura social. Diz que elas tem essa "função"" (REX, 1973, p.82-3-4-).
Mas o têrmo "função" não tem apenas o significado de efeito, ele também traduz uma compreensão teleológica. Embora na estrutura biológica a "função" no sentido de efeito se confunda com a "função" no sentido de propósito, isto não é verdade para a estrutura social.
Malinowski e Radcliffe-Brown, dois importantes expoentes da Antropologia Social Britânica, tinham muitas similitudes mas também muitas divergências em seu pensamento. Enquanto Malinowski enfatizava a cultura, Radcliffe-Brown tinha como preocupação fundamental o social.
Segundo Radcliffe-Brown a manutenção da estrutura social era o ponto de convergência, o sentido e função das diferentes instituições, pequenas engrenagens que permitiram o perfeito funcionamento do todo. A estrutura social não para ele uma abstração, mas a soma total das relações sociais de todos os indivíduos em um momento dado do tempo, sendo possível observá-la como uma realidade. A continuidade estrutural, assim, seria mantida através do jogo de relações de suas unidades componentes. Todos os costumes e crenças de uma sociedade desempenhariam um papel determinado na vida social da comunidade, tal qual os órgãos do corpo vivo desempenham alguma função na vida geral do organismo.
A família e as relações nela contidas teriam assim, para Radcliffe-Brown, esse caráter funcional, só existindo em direção ao fim de permitir a continuidade da estrutura social. Sua função, assim, é a evitação do conflito, permitindo o ajustamento mútuo dos interesses dos membros da sociedade. Esse ajustamento, entretanto, exige um regulamento dos comportamentos: é onde a cultura intervém, sendo criada para manutenção e funcionamento da estrutura e da forma social
Radcliffe-Brown, Alfred Reginald 1881-1955
Antropólogo britânico. Estuda em Cambridge, aluno de W. H. R. Rivers. Faz um trabalho de campo nas Ilhas Andaman (1906-1908) e na Austrália Ocidental (1910-1912). Preceptor do rei de Tonga em 1916. Professor de antropologia social na Cidade do Cabo (1920-1925), Sydney (1925-1931), Chicago (1931-1937), Oxford (1937-1946) e São Paulo, aqui em 1942-1944. Influenciado por Durkheim, está na origem do estrutural-funcionalismo structural-functional analysis). Define a função como o papel desempenhado por qualquer actividade na vida social total e, por conseguinte, na contribuição que dá a manutenção da permanência estrutural, da perenização das estruturas empiricamente verificáveis. A função surge como a contribuição dada por um determinado elemento para a manutenção da estrutura; o sistema é entendido como mera unidade funcional; e a estrutura, concebida como um simples acordo entre pessoas que têm entre si relações institucionalmente controladas e definidas. E da soma da ideia de sistema com a ideia de estrutura é que resulta a ideia de processo da vida social que, em si mesmo, consiste num imenso número de acções e interacções de seres humanos agindo como indivíduos ou em combinações ou grupos (... ) Os componentes ou unidades da estrutura social são pessoas, e uma pessoa é um ser humano, considerado não como um organismo, mas ocupando uma posição na strutura social.
Funcional estruturalismo
 a teoria que utiliza o funcionalismo como mero paradigma formal que se propõe encarar os objectos sociais a partir das relações de contribuição que os ligam entre si e elaborar, nesta base, um certo número de propostas explicativas que não são vistas como necessárias nem exaustivas.
Já para A. R. Radcliffe-Brown, a função surge como o papel desempenhado na vida social total, a contribuição dada por um determinado elemento para a manutenção da estrutura. O sistema é entendido como mera unidade funcional e a estrutura, concebida como um simples acordo entre pessoas que têm entre si relações institucionalmente controladas e definidas [1][11]. E da soma da ideia de sistema com a ideia de estrutura é que resulta a ideia de processo da vida social que, em si mesmo, consiste num imenso número de acções e interacções de seres humanos agindo como indivíduos ou em combinações ou grupos (...) Os componentes ou unidades da estrutura social são pessoas, e uma pessoa é um ser humano, considerado não como um organismo, mas ocupando uma posição na estrutura social [2][12].